sábado, 5 de dezembro de 2009

Fim de ano... matação de aulas...


Já era dezembro, os dias acabando mais tarde, um calor gostoso, as aulas rareando, uns alunos tinham fechado as notas das matérias, os que não tiveram média suficiente para fechar só esperavam para fazer o exame final. Um ou outro professor ainda dava aulas.
A galera ficava por ali, de conversa fiada, em grupos, no pátio, na rua ou, de preferência, no portão, mexendo com as meninas que entravam e saiam ou zoando com os que entravam aflitos para uma aula de reforço ou para fazer um exame ou para ganhar o professor e conseguir uns pontinhos salvadores, apavorados com o fantasma da segunda época e mesmo da reprovação.
Não é que os que ficavam ali zoando não tinham esse problema, é que eram mais cabeça fresca.
Pois o caso aconteceu num desses fins de tarde.
O Tião Medonho resolveu abusar dos menores. Calma pessoal, vão lendo, que não é o que vocês estão pensando, naqueles tempos não existia esse lance de pedofilia. Se existia ninguém contava.
Tião Medonho é um personagem do filme “Assalto ao trem pagador” e o nosso amigo Luiz Antonio Pereira ganhou esse apelido quando a turma foi assistir esse filme. O Luiz era um cara de moreno, magrão, de quase um metro e noventa, traços de mulato e cabelos de índio. Um tremendo gozador, perto dele ninguém ficava triste.
Foi assim: cada guri novo da primeira série que entrava ele, o Tião, todo imponente de terno preto e gravata, perguntava qual era o caso “Ficou para exame final?... Em quais matérias?...” só de ser interpelado por aquela figura os meninos já tremiam.
Qualquer que fosse a resposta ele retrucava “Calma, relaxa, você foi estrumado!”.
Ante o olhar atarantado, arrematava logo “dirija-se à secretaria e explique que você foi estrumado que aí eles resolvem tudo.”
E lá ia o guri todo faceiro em direção à secretaria. Daí a pouco voltava furioso, nem olhava para aquela turma de gozadores, ou ia embora ou entrava no prédio de salas de aulas, sob chuva de risadas e piadinhas.
Vários casos depois, uma voz poderosa se ouviu: “Sr Luiz Antonio, o Diretor quer conversar com o senhor”. Era o Juvenal, pai do Edson e do Porquinho, que era um faz tudo no Ginásio.
O bolo se desfez. Se escafederam todos, uns para o Bernardo, outros para o salão do Joubert, outros para o pátio, outros para o sanitário e lá foi o Tião marchando adiante do Juvenal para a diretoria.
Daí a pouco o bolo foi se recompondo e o assunto era esse caso do Tião e dos estrumados.
Depois de um bom tempo surge o nosso amigo todo cabisbaixo, andando devagar pelo corredor. Calado, se junta ao grupo.
“O que foi?... o que não foi?... o que aconteceu?...” a galera estava doidinha para saber.
Um longo e tenso silêncio... até que por fim Tião Medonho desabafou:
- Meus amigos, levei a maior estrumada!

.................

Por onde deve andar o Luiz António? Uma ocasião ouvi que tinha se tornado pastor evangélico. Dá prá imaginar?
Se alguém tiver notícia escreva aí nos “comentários”. Se não souber como escrever aí, peça aí pro netinho que ele explica.
Aguardem, em breve, a história do apuro que essa turma passou quando foi ao cinema la pelas bandas do colégio Basílio Machado. Se alguém lembrar pode ir escrevendo...
Abraços a todos. Prego

Estrumado: adubado com estrume
(Michaelis)

Esta é mais uma história do nosso amigo Prego, o Antonio.

3 comentários:

fepuga disse...

Que bela história de nosso amigo Prego que veio de Florianópolis para a reunião na Barbearia do Joubert, fotografado com o Totti, nosso grande amigo.

fepuga disse...

Prego, diga-se de passagem, é o Paulo Coelho da Vila Moraes. Prego envie mais histórias lindas como essa, grande abraço, Fernando Puga

acsilva disse...

Corrigindo o nome do Tião Medonho:
o certo é Luiz Antonio Ferreira e não Luiz Antonio Pereira, como está na história narrada acima.