domingo, 6 de dezembro de 2009

Os Bailes no Porão





Passados uns cinco anos de sua mudança para a Vila Moraes o Sr. António construiu um sobradinho no fundo do terreno, ao nível da rua, sendo necessário fazer uma grande laje de concreto e em cima dela erguido o "Sobradinho". Neste dia foi uma grande festa, todo mundo veio ajudar encher a laje de concreto, o Pica Fumo, Astro, Papa Fila, Marcos, Walter Mortanguela, e muitos outros que, me desculpem não me lembro de todos agora. Daí veio à ideia de cimentar a parte de baixo para a guarda de várias coisas e como nesse tempo o Seu António era feirante vendendo batatas nas feiras livres dos bairros de São Paulo, este local ficou como depósito do estoque de batatas. Nascem dai o Seu António, o Batateiro, e o famoso Porão da Rua Brasil (na foto ao lado seo Antonio dançando com a Cleide é o Zé Portugues ao lado da Pilastra), na casa do Fernandinho e da Cleide. Esse Porão foi palco de reuniões dançantes memoráveis, este lugar foi onde se deu o inicio dos encontros dos jovens para namoros, grandes romances e até casamentos ao som das musicas dos anos 60.

Um levava a vitrola mais moderna e avançada, outros traziam seus LP’s e discos de 78 rotações, ouviam-se os Beatles, Elvis, Nat King Cole, Connie Francis, as orquestras de Ray Coniff, Glenn Miller, Bill Haley e seus Cometas. Os brasileiros como Roberto e Erasmo Carlos, Wanderléia, e surge um novo cantor logo estourando com seu novo LP, o Jorge Ben, cantando Chove Chuva, mais que nada, arrasta a pena, dentre outras, e ai os jovens tem que aprender a dançar o Samba com os passos “um para lá outro para cá” e suas variações, puladinho, gafieira. As musicas românticas eram as mais pedidas e tocadas, surgem os cantores italianos muito apreciados, como Nico Fidenco, Pepino de Capri, Rita Pavone, os boleros de Bienvenido Granda, Nelson Gonçalves, Altemar Dutra.

Tudo era motivo para uma reunião, e é claro um bailinho. Todos os sábados a turma se reunia no Bar do Seu Bernardo para saber onde estava programada uma festinha de aniversário, noivado, casamento, até batizado ou simplesmente um bailinho na casa de alguém. E não podia faltar o “Cuba Livre”, “Hi-Fi”, bebidas mais consumidas à época.

Os Bailes no Porão ficaram famosos porque lá foram realizados os chamados “Bailes Pró Formatura” para arrecadação de dinheiro para as formaturas dos estudantes do Ginásio Júlio Ribeiro. Logo no inicio do ano o calendário era estudado e planejado para que não coincidissem com os aniversários, casamentos junto com os Bailes “Pró Formatura”.

As duas primeiras turmas de formandos do Ginásio em 1961 e 1962 tiveram suas comemorações realizadas nos Salões da moda da cidade de São Paulo e as orquestras famosas contratadas para animar os bailes e as colações de grau feitas nos teatros chiques da Vila Mariana, tudo com toda a pompa e elegância, vejam aqui no blog algumas fotos dessas gloriosas festas.

Mesmo depois das formaturas, durante muitos anos vários bailes foram realizados para comemorações de aniversários, casamentos e também bailes para arrecadação de fundos para o nosso time do coração, o "Paulistinha F.C. da Vila Moraes", mas isso já é uma outra história.

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